quinta-feira, 16 de julho de 2015

Sete Vidas mostrou que não precisa ser clichê para ser um novelão




Afinal, o que uma novela precisa para ser boa?

Muitos responderiam que o embate de uma vilã mega malvada com um casal de mocinhos sofredores e apaixonados seria o essencial para construir um novelão.

Nem sempre vilãs são necessárias, não é mesmo, Cora?

A novela Sete Vidas, encerrada com grande sucesso de crítica e de público na última sexta-feira, veio na contramão de tudo isso.

Lícia Manzo, sem dúvida, nos surpreendeu positivamente com uma trama totalmente fora dos clichês folhetinescos, escrevendo uma história bastante original de forma simples e natural. O grande trunfo da autora foi mostrar a vida como ela é, e os vilões da trama não foram pessoas maquiavélicas, mas sim a mente conflituosa dos próprios personagens.
 
O romance de Miguel (Domingos Montagner) e Lígia (Débora Bloch), o casal protagonista, não precisou de uma rival que armasse planos para que houvesse vários rompimentos entre eles. O vai e volta do casal aconteceu devido às fugas constantes do personagem de Domingos, que não conseguia se prender a uma família, devido a um trauma do passado.



Mas o sucesso de Sete Vidas não se deve só à história principal. A novela funcionou como um todo, e os núcleos se encaixavam perfeitamente um no outro, como se fizessem parte de um grande quebra-cabeça.


Outro fator importante para o sucesso dessa novela foi o elenco. Sete Vidas é um daqueles casos raros em que todos os atores foram perfeitamente escolhidos para os papéis. É difícil imaginar a novela sem a Regina Duarte na pele da amável e compreensiva Ester, ou sem Ghilherme Lobo, que fez uma ótima estreia na televisão com o rebelde Bernardo e, menos ainda, sem a Maria Eduarda de Carvalho e sua personagem Laila, aquela que dizia o que todos queriam dizer, mas não tinham coragem.



Por fim, tudo isso foi temperado com uma sensibilidade encantadora que partia do texto suave da autora, cheios de diálogos freudianos e DRs, por incrível que pareça, deliciosamente intermináveis, a direção leve de Jayme Monjardim e o brilho especial nos olhares dos atores, que davam vida aos personagens da forma mais natural possível. Apesar de toda essa suavidade em sua construção, Sete Vidas não foi uma novela de ritmo lento, basta reparar nas inúmeras e belas passagens de tempo embaladas pela maravilhosa trilha sonora.

Sete Vidas foi uma novela curta, o que deixou os fãs tristes, mas até nisso a equipe acertou, pois fez a trama ficar redondinha, sem as intermináveis barrigas desnecessárias tão comuns neste gênero e possibilitou um final maravilhoso, completamente coerente com o que foi apresentado durante os 106 capítulos da trama.

É... essa linda novela vai deixar saudades e o gostinho de quero mais nos telespectadores, que após assistirem a uma trama tão bem executado, ficaram, sem dúvida, mais exigentes.


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