Afinal, o que uma novela precisa para ser boa?
Muitos responderiam que o embate de uma vilã mega malvada
com um casal de mocinhos sofredores e apaixonados seria o essencial para
construir um novelão.
Nem sempre vilãs são necessárias, não é mesmo, Cora? |
A novela Sete Vidas, encerrada com grande sucesso de crítica
e de público na última sexta-feira, veio na contramão de tudo isso.
Lícia Manzo, sem dúvida, nos surpreendeu positivamente com
uma trama totalmente fora dos clichês folhetinescos, escrevendo uma história
bastante original de forma simples e natural. O grande trunfo da autora foi
mostrar a vida como ela é, e os vilões da trama não foram pessoas maquiavélicas,
mas sim a mente conflituosa dos próprios personagens.
O romance de Miguel (Domingos Montagner) e Lígia (Débora Bloch), o casal protagonista, não
precisou de uma rival que armasse planos para que houvesse vários rompimentos
entre eles. O vai e volta do casal aconteceu devido às fugas constantes do
personagem de Domingos, que não conseguia se prender a uma
família, devido a um trauma do passado.
Mas o sucesso de Sete Vidas não se deve só à história
principal. A novela funcionou como um todo, e os núcleos se encaixavam
perfeitamente um no outro, como se fizessem parte de um grande quebra-cabeça.
Outro fator importante para o sucesso dessa novela foi o
elenco. Sete Vidas é um daqueles casos raros em que todos os atores foram
perfeitamente escolhidos para os papéis. É difícil imaginar a novela sem a
Regina Duarte na pele da amável e compreensiva Ester, ou sem Ghilherme Lobo,
que fez uma ótima estreia na televisão com o rebelde Bernardo e, menos ainda,
sem a Maria Eduarda de Carvalho e sua personagem Laila, aquela que dizia o que todos queriam dizer, mas não tinham coragem.
Por fim, tudo isso foi temperado com uma sensibilidade
encantadora que partia do texto suave da autora, cheios de diálogos freudianos
e DRs, por incrível que pareça, deliciosamente intermináveis, a direção leve de
Jayme Monjardim e o brilho especial nos olhares dos atores, que davam vida aos
personagens da forma mais natural possível. Apesar de toda essa suavidade em
sua construção, Sete Vidas não foi uma novela de ritmo lento, basta reparar nas
inúmeras e belas passagens de tempo embaladas pela maravilhosa trilha sonora.
Sete Vidas foi uma novela curta, o que deixou os fãs
tristes, mas até nisso a equipe acertou, pois fez a trama ficar
redondinha, sem as intermináveis barrigas desnecessárias tão comuns neste
gênero e possibilitou um final maravilhoso, completamente coerente com o que
foi apresentado durante os 106 capítulos da trama.
É... essa linda novela vai deixar saudades e o gostinho de
quero mais nos telespectadores, que após assistirem a uma trama tão bem
executado, ficaram, sem dúvida, mais exigentes.
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