Eu sou completamente contra julgar uma novela ou qualquer
outro tipo de programa de TV apenas pelos primeiros dias de exibição, por isso,
fui um dos defensores da nova temporada de Malhação, intitulada de Seu Lugar no
Mundo.
Seu Lugar na Chatice! |
.
O primeiro capítulo da trama foi meio morno, dramático
demais e aquela câmera nervosa fazia a novelinha parecer tudo menos Malhação,
mas achei que isso fizesse parte do estilo do autor que preferiu apresentar os
seus personagens aos poucos para depois esquentar sua trama.
O tempo passou e até que foram acontecendo
algumas coisas interessantes: aquele debate sobre os uniformes, apesar de ter
se arrastado por infinitos capítulos, foi legal, aquele lance do beijaço no
pátio do colégio também deu uma agitada na trama e foi um jeito diferente de
rolar os primeiro beijo entre os protagonistas e a cena do atropelamento da
Ciça (Júlia Konrad) foi muito bem dirigida e foi legal o autor fazer mistério sobre quem estava dirigindo o carro.
Só que mais capítulos foram passando, e a trama,
simplesmente, se tornou um marasmo, girando em torno apenas do drama de Ciça,
que ficou paraplégica depois do acidente e ainda mais chata e sonsa e o que era
pra ter sido um acontecimento que mexesse com a novela e a tornasse mais
interessante de ser acompanhada pelo público acabou tornando essa temporada de
Malhação uma das mais insuportáveis de se acompanhar.
Além da história chata, a maioria dos personagens são sem
carisma e com personalidades completamente mal elaboradas, nem se os melhores
atores tivessem sido escalados para esses papéis, eles teriam salvação.
Ciça, apesar da boa interpretação da atriz Júlia Konrad, é
uma personagem de construção completamente inaceitável, pois foi apresentada
como uma jovem rebelde que largou o colégio para viver de música com o namorado
e sofre ao perdê-lo, mas se tornou, sem nenhuma explicação, uma víbora sonsa
capaz de fazer as maiores maldades às escondidas. Já Alina (Pamela Tomé, também
uma boa revelação desta temporada), que era pra ser mais uma daquelas
tradicionais vilãs da Malhação, acabou perdendo a utilidade na trama e,
juntamente com Roger (Breno Leone) e Luan (Vitor Novello), que também são
personagens que poderiam gerar bons frutos desde que fossem bem aproveitados,
só servem para reacender a chama da dúvida sobre quem atropelou Ciça toda vez
que aparecem.
O casal de protagonistas, Luciana (Marina Moschen) e Rodrigo
(Nicholas Prates) são muito sem graça, dá vontade de dormir toda vez que eles
aparecem, principalmente por conta de Rodrigo, que é um bobão e acredita em
tudo que Ciça fala. Por falar em bobão, tem o Uodson , primeiro
personagem de Lucas Lucco, que está bem no papel, que, a princípio era interessante,
mas por conta das repetitivas cenas dele levando patada atrás de patada da Ciça
e, mesmo assim, continuando a fazer todas as vontades dela, o personagem se
tornou mais um elemento chato da novela.
Mas nada nessa Malhação tem salvação? Bom, o casalzinho
Lívia (Giulia Costa) e Felipe (Francisco Vitti) é até legal, e a história do
misterioso jovem Henrique (Thales Calvacanti), que é portador de HIV, e o machismo do personagem BB (Paulo Hebron)
ainda podem gerar bons momentos, desde que sejam abordados de forma correta. A trilha sonora também é muito boa, que pena
que embalam cenas tão sonolentas e muitas vezes não combina com elas.
E quanto aos adultos? Bom, as histórias dos núcleos adultos
também são bem chatas e clichês. Só Solange Couto com sua ótima Vanda merece
algum destaque.
É bem triste lembrar que essa
temporada foi concebida pra ser uma homenagem aos 20 anos do folheteen. Na
verdade, o recurso usado pelo autor para fazer essa “homenagem” é repetir
situações que marcaram as temporadas antigas de malhação: dois professores (Ana - Juliana Knust - e Rubem - Murilo Rosa - ) que
namoram e passam a viver juntos, tendo que lidar com os filhos, a mãe e o ex
dela, lembra muito a história de Linda (Gisele Tigre) e Afonso (Giuseppe
Oristiano), lá na temporada de 2000, que fizeram tanto sucesso que ficaram até
2002, jovens rebeldes que causam um acidente que deixa alguém vitimado lembra o
acidente de Fabrício (Pedro Nercesian) que o pessoal da Vagabanda
acabou causando lá em 2004 e por aí vai. Só que a forma que o autor escolheu
para fazer a releitura desses fatos foi a pior possível, pois tudo é colocado
na trama de uma forma forçada e repetido milhares de vezes.
Se era pra homenagear os 20 anos
de Malhação, pois que se inspirassem, por exemplo, no bom humor de Cabeção
(Sérgio Hondjkoff) que deixava a gente morrendo de rir com as situações mais
banais e inocentes, no amor forte de Júlia (Juliana Silveira) e Pedro (Henri Castelli), que lutavam contra as
armações da vilã Thaíssa (Bárbara Borges), que era louquíssima e nada sonsa, diferente de Ciça e nas armações da galera da Vagabanda.
Outra coisa legal seria relembrar os locais que marcaram época na novelinha: imagina
o impacto que seria se em pleno ano de 2015, os personagens de Malhação
voltassem a frequentar o colégio Múltipla Escolha, o Clube e o Giga Byte, claro
que todos adaptados à nova realidade dos jovens brasileiros.
Seria bem melhor do que simplesmente repetir
situações clichês de uma forma totalmente sem sal como essa temporada vem
fazendo. Do que adianta ter efeitos de câmera chiques se isso não vem
casado perfeitamente com o roteiro e o desenvolvimento dos personagens?
Saudades Perina! |
concordo o casal é sem graça ela muito mais que ele. A personagem Alina perdeu muito seu sentido ela não tem casa? está sem história poderia se destacar se tivesse uma história melhor.
ResponderExcluirEssa banda tb não está rolando. É um lamento quando ligo a tv para ver além do tempo e ainda está dando esse marasmo.